Clássicos do Cinema: Infâmia

Este não é o filme mais conhecido de Audrey Hepburn, mas é um bom exemplo da diversidade que a atriz buscava em seu trabalho. Na ousadia de fugir das comédias românticas e musicais que a consagraram, Hepburn estrela, ao lado de Shirley MacLaine, o longa Infâmia {The children's hour - 1961}.

Na trama, dirigida por William Wyler, Audrey é Karen Wright e Shirley é Martha Dobie. As duas amigas são professoras e dirigem uma escola para meninas, na Nova Inglaterra. A trama começa quando uma das alunas, Mary Tilford {Karen Balkin}, é pega em uma mentira, punida, mas se acha injustiçada. Para se vingar, a menina insunua que as duas professoras têm um caso lésbico. De família tradicional, ela logo consegue espalhar a história pela pequena cidade, o que leva ao fechamento da escola, e desmoralização das professoras - que chegam a enfrentar processos.

O mais interessante é entender a verdade que se esconde por trás da mentira inventada... e as consequencias dela. Um filme que nos faz refletir.

Audrey Hepburn está impecável como a doce professora que vai perdendo seus sonhos {inclusive o de se casar com o noivo, que fica a seu lado, mas mantém dúvidas e precisa tomar uma decisão}, Shirley MacLaine tem uma interpretação notável e forte, e a menina Karen Balkin surpreende: se você acha que Rafaela {Klara Castanho, em Viver a Vida} é má, ficará assustado com a garota Mary.

Vale destacar que esse é o primeiro filme de William Wyler depois do estrondoso sucesso de Ben-Hur {1959}. Enquanto este é filmado em grandes locações, colorido, e tornou-se o maior vencedor de Oscars da história {Titanic só conseguiu empatar em 1997}, Infâmia é um filme intimista, quase claustrofóbico, com poucos cenários, filmado em preto-branco, e que valoriza mais os sentimentos e o que é feito destes às grandes ações. Vivas ao diretor!!

Audrey Hepburn e William Wyler também trabalharam juntos em A Princesa e o Plebeu, filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz em 1954.

ps. decidi escrever sobre o filme não apenas por ser uma grande obra, mas inspirada pela questão da verdade e da maldade, discutida no caso da menina Isabela. Cabe aos homens decidirem por vidas, dizerem o que é verdade e o que é mentira. Mas, nenhum dos veredictos poderá restaurar a vida já perdida.

Em breve, novos clássicos aqui na Visão.Arte.

Até a próxima,

Lathife Cordeiro
@VisaoArte

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